Manter a história somente na memória
não foi o suficiente para garantir a sua perpetuação. Foi pensando assim que o
cacique do povo Kanindé, José Maria Pereira dos Santos, o Sotero, organizou o Museu
dos kanindé, por volta de 1996, onde vem sendo preservada a memória e onde
estão expostos instrumentos de caça, dança e parte dos animais caçados pela
comunidade, que retrata a existência deste povo. Sotero nos explica as peças do
museu:
A
gente bota na parede desse museu tudo da cultura da gente. A gente guarda tudo
que representa nossa nação, seja caça, armas, plantas e documentos. Aqui a
gente vive da agricultura. Planta o milho, o feijão, a fava, a mamona, a
mandioca. E principalmente a gente se alimenta da caça. Isso aqui é o peba! Nós
temos muito aqui na nossa quebrada. O pé do gavião estragador de galinha. Ele é
muito danado! Tem o pé do jacu. Esse é um pé de um veado, nós temos muito ainda
na nossa quebrada. Essa é uma cabeça de um cassaco e esse outro é um Tejo. Nós
temos muito ainda e é muito gostoso! Esse é um gato maracajá. Essa é uma
coruja. Aqui é um Serra-pau, ele derruba tudo que é galho. Ali é a cabeça de um
bode. Isso aqui é uma cabeça de bode. Isso aqui é uma casa de abelha, isso ali
é uma casa de formiga. Esse é um couro de mocó. Isso é a asa de um gavião e
isso é o nosso artesanato de madeira imburana (Sotero).
Sotero e sua técnica museológica.
O museu pros Kanindé é bisavô, é avô, é pai e
é mãe, porque é a história deles, a história que tinha lá atrás, é o que a
gente tem aqui. O museu pros Kanindé é vida. Nós gostamos do museu do tanto que
a gente gosta dos pais da gente, porque ai tem um pouco do retrato, da imagem
de tudo. Tem a imagem do peba, do pote que foi feito antigamente, tudo ali foi
um retrato dos nossos antepassados, retrato de quem construiu aquela história (Cícero
Pereira – liderança dos Kanindé, de Aratuba/CE).
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