Durante os dias 4, 5 e 6 de
junho de 2012 realizou-se o Encontro de Articulação de redes
de Pontos de Memória e Museus
Comunitários, no Auditório do Instituto Brasileiro de Museus,
em Brasília – DF, com a participação de 32
representantes do campo da Museologia Social das
cinco Regiões do País e a
equipe técnica do Ibram. O encontro resultou na Carta da Rede dos
Pontos de
Memória e Iniciativas Comunitárias em Memória e Museologia Social, com
propostas voltadas para fomento, financiamento e sustentabilidade,
qualificação, inventário participativo
e articulação em rede. Em plenária, os
participantes decidiram que o documento ainda deverá ser
debatido em suas
comunidades e estados, para ser referendado na IV Teia da Memória, a ser
realizada
no segundo semestre de 2012.
As propostas subdividem-se em:
PRINCÍPIOS PAUTADOS NA
AUTONOMIA, DESCENTRALIZAÇÃO, DIVERSIDADE
E COOPERAÇÃO EM REDE 1 .
1 Preceitos que nortearão a
formação e o funcionamento das redes.
2 Entendeu-se por “proposta” ações que: 1) acontecerão de forma contínua;
2) caracterizam a rede, seu conteúdo e seus objetivos; 3) requerem
apoio/parceria, de agentes que não integram a rede.
1.
Garantir o direito à memória às comunidades, grupos e sujeitos locais
historicamente excluídos.
2.
Salvaguardar que os Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em
memória e museologia
social sejam geridas por instâncias participativas,
organizadas para esta finalidade, no seio de suas
próprias populações.
3.
Garantir a autonomia e a descentralização das iniciativas comunitárias de
memória, fomentando a cooperação entre as redes estaduais de memória e
museologia social.
4.
Reconhecer, respeitar e valorizar as diversidades, especificidades e
potencialidades das comunidades, priorizando o desenvolvimento local e visando
à sustentabilidade.
5.
Adotar metodologias de conhecimento sistêmico do território como garantia da
relação entre memória
social e sustentabilidade.
6. Instituir a formação em rede
como parte do processo de articulação das redes estaduais, garantindo uma
formação continuada que atenda às reais necessidades de desenvolvimento e
sustentabilidade dos Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em
memória e museologia social.
PROPOSTAS PARA A CRIAÇÃO,
FUNCIONAMENTO, CONTEÚDO E
SUSTENTABILIDADE DAS REDES ESTADUAIS 2
1.
Criar plataforma virtual colaborativa com mapa da rede, autogerida,
preferencialmente em software livre, com a finalidade de armazenar e difundir
amplamente, informações sobre a rede, suas ações e formas de participação, com
o financiamento do IBRAM e parceiros.
2.
Dar visibilidade aos Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em
memória e museologia social de modo a torná-los referência em memória para suas
comunidades.
3.
Incentivar a formatação de conteúdos e garantir a circulação e distribuição dos
produtos dos Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em memória e
museologia social, com o apoio do IBRAM e parceiros.
4. Divulgar os acervos
inventariados e as metodologias de inventário participativo desenvolvidas pelos
Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em memória e museologia
social de forma a garantir a sua preservação.
5.
Identificar as demandas e necessidades de formação de cada iniciativa de
memória e museologia social entre os integrantes das redes estaduais.
6.
Mapear as ações desenvolvidas pelas iniciativas de memória e museologia social
e as potencialidades dos seus agentes para subsidiar a formação nesses campos
do conhecimento.
7.
Promover intercâmbio de experiências, atividades e troca de saberes entre os
Pontos de Memória e demais iniciativas de memória e museologia social.
8.
Valorizar saberes e fazeres locais, priorizando a contratação de moradores da
comunidade para postos de trabalho nos Pontos de Memória e demais iniciativas
comunitárias em memória e museologia social.
9.
Estimular processos de institucionalização para os Pontos de Memória e demais
iniciativas comunitárias em memória e museologia social, que garantam autonomia
dos processos de gestão, tais como implementação de um estatuto e constituição
de personalidade jurídica (identidade legal).
10.
Incentivar e promover a formação dos agentes dos Pontos de Memória e demais
iniciativas comunitárias em memória e museologia social em captação de
recursos, elaboração de projetos e gestão da área cultural.
11.
Criar banco de dados / espaço de diálogo e compartilhamento de iniciativas de
fomento, financiamento e sustentabilidade.
12.
Disponibilizar para a rede a produção intelectual dos agentes dos Pontos de
Memória e demais iniciativas comunitárias em memória e museologia social (banco
de projetos).
13.
Identificar o potencial de sustentabilidade dos Pontos de Memória e demais
iniciativas comunitárias em memória e museologia social.
14. Divulgar e dar visibilidade
aos Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em memória e museologia
social como estratégia de legitimação e prospecção de parcerias.
AGENDA 3
3 A “agenda” inclui ações que operacionalizam as propostas/proposições
podem ser executadas de forma autônoma ou com a participação de agentes
externos à rede. Na maior parte, são ações pontuais, não continuadas/contínuas.
Encontros Presenciais
1.
Criar uma comissão preparatória para cada edição da Teia da Memória, com a
participação dos pontos de memória e redes estaduais.
2.
Promover, com apoio do IBRAM, Estados, Municípios e Distrito Federal, encontros
com o objetivo de criar e pactuar as redes de Pontos de Memória e demais
iniciativas comunitárias em memória e museologia social.
3.
Realizar encontros estaduais entre as iniciativas de memória e museologia
social para concepção e planejamento da formação (qualificação/capacitação) em
redes estaduais.
4.
Realizar encontros nacionais para promover a troca de experiências e o
planejamento das ações entre as redes estaduais.
5.
Organizar e promover encontros de formação de multiplicadores, em conjunto com
o IBRAM, com a finalidade de trabalhar a mobilização local.
6. Garantir o apoio do IBRAM e
parceiros para a realização de visitas de intercâmbio entre Pontos de Memória e
demais iniciativas comunitárias em memória e museologia social.
Formação
7. Definir mecanismos de
contrapartida que garantam que os agentes formados em rede atuem como
multiplicadores.
8. Garantir, com bolsas de
estudo, a capacitação de agentes comunitários de memória no desenvolvimento do
inventário participativo por meio de seminários, palestras, intercâmbios,
cursos de extensão, e outros – presenciais e /ou à distância - a partir de
parcerias com instituições de ensino superior, grupos de pesquisas e outras
instituições parceiras nas áreas de antropologia, museologia, história, ciência
da informação, biblioteconomia, arqueologia, curso de gestão cultural e afins.
Parcerias
9.
Realizar um momento no interior da Teia da Memória para promover articulações
interministeriais e estatais, visando à ampliação do Programa dos Pontos de
Memória e afins.
10.
Captar recursos e estabelecer parcerias, especificamente para o desenvolvimento
das ações de formação em rede.
11.
Elaborar um instrumento para registrar atividades, necessidades de formação e
potencialidades das iniciativas de memória e de museologia social e de seus
agentes, a partir da consulta aos sistemas de informação existentes (cadastros
estaduais, municipais e federais).
12.
Elaborar instrumento para mapear os programas educativos desenvolvidos pelos
Pontos de Memória e demais iniciativas comunitárias em memória e museologia
social.
13.
Incentivar a criação de novos programas, propiciando o compartilhamento e o
desenvolvimento conjunto das iniciativas dos integrantes das redes.
14.
Propor às secretarias estaduais, municipais e distrital de educação, com apoio
do Ibram, a inserção nos seus planejamentos pedagógicos dos conteúdos:
território, memória e patrimônio, para assegurar à comunidade a apropriação
intelectual dos acervos inventariados.
15.
Participar do edital de Implantação e Fortalecimento de Sistemas e Redes de
Museus do Ibram.
16.
Incluir representantes das Redes Estaduais, Pontos de Memória e demais
iniciativas comunitárias em memória e museologia social na organização do
calendário anual das secretarias estaduais, municipais e distrital de cultura e
sistemas estaduais de museus, bem como na definição das políticas públicas de
direito à memória, do IBRAM e das secretarias. Os Pontos de Memória indicarão
representantes, nos estados que não tenham Rede formada.
17. Garantir um espaço-sede que
assegure a autonomia de atividades dos Pontos de Memória e demais iniciativas
comunitárias em memória e museologia social.
Brasília, 06 de junho de 2012.
Participaram da construção
do documento:
1.
Adriano de Almeida - Ponto de Memória do Grande Bom Jardim (Fortaleza – CE)
2.
Alessandra Regina Gama - Ponto de Cultura e Memória Ibaô (Campinas – SP)
3.
Alexandre Gomes – Departamento de Antropologia e Museologia UFPE e Rede
Cearense de Museus Comunitários (Recife – PE)
4.
Antônio Carlos Firmino - Museu Sankofa (Rocinha, Rio de Janeiro - RJ)
5.
Caroline Soares - Ponto de Memória da Estrutural (Distrito Federal – DF)
6.
Claudia Feijó - Ponto de Memória Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro (Porto Alegre-RS)
7.
Cláudia Rose Ribeiro – Museu da Maré (Maré, Rio de Janeiro – RJ)
8.
Cleunice Maria dos Santos - Ponto de Memória Cabras de Lampião/Museu do Cangaço
(Serra Talhada- PE)
9.
Deuzani Noleto - Ponto de Memória da Estrutural (Distrito Federal – DF)
10.
Edivânia Alves - Ponto de Memória de Terra Firme (Belém-PA)
11.
Fernando Almeida – Ponto de Memória Morro da Carapina/Cidade do Futuro
(Governador Valadares-MG)
12.
João Francisco Bispo de Castro Júnior – Ponto de Memória de São Pedro (São
Pedro, Vitória - ES)
13.
João Paulo Vieira - Rede Cearense de Museus Comunitários (Fortaleza – CE)
14.
Lucienne Figueiredo dos Santos - Sistema Estadual de Museus do (Rio de Janeiro
- RJ)
15.
Luis Henrique Mioto - Ponto de Memória Roda de Memória (Londrina-PR)
16. Marcelo Rocha - Ponto de
Memória - MUPE (Curitiba – PR)
17.
Maria da Penha Teixeira de Souza- Escola Viva Olho do Tempo (Paraíba - PB)
18.
Maria do Amparo Moura Alencar Rocha - Representante do Estado (Alto Longá - PI)
19.
Maria Leinad Vasconelos Carbogim - Rede de iniciativas de memória de Icapuí
(Fortaleza – CE)
20.
Maria Terezinha Resende Martins – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários (ABREMC) e Ecomuseu da Amazônia (Belém-PA)
21.
Mônica Silveira (Wayra) - Rede Baiana de Pontos de Memória (Salvador – BA)
22.
Paula Gamper – Rede de Saúde e Cultura SCDC/MinC (Mato Grosso do Sul)
23.
Raimundo Melo - Articulador Estadual do Rio Grande do Norte (Natal - RN)
24. Roberto Santos - Ponto de Memória do Beiru
(Salvador – BA)
25.
Rozana Miziara - Brasil Memória em Rede /Museu da Pessoa (São Paulo-SP)
26.
Valquíria Cabral - Museu de Favela (Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Rio de
Janeiro – RJ)
27.
Vanessa Francisca - Ponto de Memória do Coque (Recife – Pernambuco)
28.
Viviane Rodrigues – Ponto de Memória Museu de Cultura Periférica (Jacintinho,
Maceió – AL)
29.
Wani Pereira - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e articuladora
estadual – (Natal – RN)
30.
Wélcio de Toledo - Ponto de Memória da Estrutural e articulador de Movimentos
Sociais (Distrito Federal – DF)
31.
Wellington Pedro - Ponto de Memória do Taquaril (Belo Horizonte – MG)
32. Yonaré Flávio Barros Articulador de
Movimentos Sociais (Distrito Federal – DF)
Equipe Ibram:
1.
Alexandre Feitosa
2.
Amanda Oliveira
3.
Cícero de Almeida
4.
Cinthia Oliveira
5.
Eneida Braga
6.
José do Nascimento Junior
7.
Lavínia Cavalcanti
8.
Luciana Palmeira
9.
Luiz Renato da Costa
10.
Marcelle Pereira
11.
Marijara Queiroz
12.
Mônica Padilha
13.
Nicole Reis
14.
Patrícia Albernaz
15.
Pedro Turbay
16.
Rafaela Medeiros
17.
Renata Almendra
18.
Rosangela Karine Esteves
19.
Rose Miranda
20.
Sara Schuabb
21.
Taís Valente
22.
Valdemar de Assis
23.
Vivian Cobucci
24.
Yris Lira
25. Gabriel Rodrigues
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